- trovões e relâmpagos sobre o mar da Zmab = habitual Temp. de Agosto...
- leitura dos últimos dias, esta narrativa «às voltas» foi ontem recom.a a M. B. e a J. B. que, pelas oito e 30, já voltavam da CAMINH.
RECORTE:
[...] Ao
contrário da minha mãe, o meu pai não gostava de ser o centro das atenções;
sempre que se visse na berlinda, sempre que fosse o único orador numa sala
cheia de gente, acentuava palavras ao acaso enquanto falava, como se essas
ênfases feitas ao acaso lhe emprestassem autoridade ao discurso.
Estou
a frequentar o curso do Dan, estava
ele a dizer agora (alguns estudantes pareciam divertidos ao ouvirem-no
tratar-me pelo meu nome próprio), porque pensei em tentar ler os clássicos outra vez, que não voltei a
ler desde o liceu. Isso foi durante a Segunda Guerra Mundial, na década de
1940.
O
meu pai moveu bruscamente a cabeça lustrosa na minha direção e disse: Eu soube
esta coisada toda antes de ele a saber.
Os
estudantes riam à socapa.
Bem,
sabia muito disto, continuou, passado
um momento, a bater vagarosamente no seu iPad,
para o qual descarregara o texto da Odisseia. Li Ovídio em latim. Conhecia os
mitos. Li a Íliada e a Odisseia, mas foram só excertos. Por
isso, pensei que, agora, iria ler tudo.
Alguns
dos estudantes olhavam para ele fixamente. Estavam a adorar aquilo.
O
meu pai disse: Achei que era agora a minha oportunidade para voltar a ler isto,
antes de morrer.
[…]
Vou
dizer-vos isto. Nunca se é demasiado velho para aprender, disse ele.
Daniel
Mendelsohn, Uma Odisseia — um pai, um filho e uma epopeia, Elsinore, 2018, pp. 106, 7