domingo, 8 de setembro de 2024

PARA TÃO LONGO AMOR (I. L.) + (FECHO)

   - [ do livro de I. L., já referenciado, dos poemas da 2.ª parte ]

PARA TÃO LONGO AMOR

Esse amor longamente cantado
mas nunca longamente durando
Catarina ou Natércia, Violante ou Francisca ou
Dinamene e Bárbara ou ainda a fermosa
Lianor descalça. Não longo mas intenso e ardente
e destemperado sim na desesperança
do que nasce não sei onde e dói
não sei porquê

Continua a ferir
numa espécie de prazer nostálgico
esse verso magnífico para tão longo amor
tão curta a vida quando hoje só passamos
longas vidas com tão curtos amores.
  
                         Inês Lourenço, Ainda o lugar incerto da procura, 2024, p. 34

[fecha o PERI; reabre o ALPA; Calvino na «passagem»]

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

TESTAMENTO DE DONA ENES (Inês Lourenço)

  - nos poemas da 2.ª parte («Os caules submersos», pp. 27 - 52) do último livro de I. L. são revisitados temas e Motivos de vários poetas e, ou, «tradições» - no caso, o Mito Inesiano; 

TESTAMENTO DE DONA ENES

(...) Pelo caminho estavam muitos homeens com                                                                          çírios nas maãos, de tal guisa hordenados, que                                                                              sempre o seu corpo foi per todo o caminho per                                                                              entre çírios açesos; e assi chegaram ataa o dito                                                                            moesteiro, que eram dalli  dezassete legoas (...)                                                                                                     FERNÃO LOPES

Mais que golpes e vísceras
na sombra pétrea de Santa Clara, mais
que a bastardia dos infantes, no ódio
de sangues e domínios
mais que a vertigem da beleza ou
as léguas de círios a arder
até ao túmulo projectado
para o Juízo Final, deixo-vos
a coroa de palavras amantes
pelos poetas propagada
aos séculos por vir, insígnia
deste entranhado amor, canto 
de eternidade que nos basta.
  
                         Inês Lourenço, Ainda o lugar incerto da procura, 2024, p. 33

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

PALOMAR, Calvino: «Ler»

 - artigo de «passagem» reenviou R. para PALOMAR [PDF, aqui] de Calvino; a «pequenez da fonte» do exemplar (da Teorema) lido na 2.ª metade de 80, na FAC  [estaria já capaz de o Ler?***] implicou a aquisição da edição da D. Q.;  relido, pelas manhãs (em alternância com a ABG de Beauvoir...); 

*** [RECORTE «responde» a isso?]
[...] uma vez incluídos na vida, os acontecimentos dispõem-se segundo uma ordem que não é cronológica mas que corresponde a uma arquitectura interna. Uma pessoa, por exemplo, lê na idade madura um livro importante para ela, que a faz dizer: «Como podia viver sem o ter lido!» e ainda: «Que pena não ter lido quando era jovem!» Pois bem, estas afirmações não fazem muito sentido, sobretudo a segunda, porque, a partir do momento em que ela leu aquele livro, a sua vida torna-se a vida de uma pessoa que leu aquele livro, e pouco importa que o tenha lido cedo ou tarde, porque até a vida que precede a leitura assuma agora uma forma marcada por aquela leitura.

[sublinhados acrescentados; do texto «Como aprender a estar morto», 3.º e último de «As meditações de Palomar» (III sub-parte da III parte, «OS SILÊNCIOS DE PALOMAR »)

Italo Calvino (1923-1985...), Palomar [1983], 2021, D. Quixote, p. 149  

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Pampos OU Lírios, Peixeiras E Fotógrafas

 - cerca das 9 e 30, no «P. Doce» do costume; [a Dona I., peixeira antiga ou «Castiça», de Mercado e de Rua, ora «adaptada», contava que, «passados os 67, «metera já os papéis», mas que «lhe pediam para trabalhar até aos 70...»; e que, recentemente, de «dez entrevistadas, nenhuma ficara...»; para mais, «com estes horários, turnos, trabalho sujo e ao fim-de-semana, e orden.o mínimo...]

- R. escolhera os dois Pampos («agora são Lírios»...), mas teve que se afastar, porque a Dona E. (outra «castiça») tinha que fotografar a Bancada acabada de «guarnecer», para enviar para «os manda-chuva»... [operação a repetir ao final das tardes...] ; nem se diz o que R. comentou «na Hora» nem se tenta interpretar [...]

domingo, 1 de setembro de 2024

Formar leitora (Beauvoir)

  [alcançada a p. 233, na sexta]

RECORTE(s)

     À medida que eu ia crescendo, [o pai] ocupava-se cada vez mais com a minha pessoa. Cuidava especialmente da minha ortografia; quando lhe escrevia, devolvia-me as cartas corrigidas. Em férias . [...]
[sublinhados acrescentados]

Simone de Beauvoir (1908-1986), Memórias de uma menina bem-comportada (1958), 2023, p. 45

sábado, 24 de agosto de 2024

Menina cubana no GLH

 - [perto das 11, no único Estaminé aberto no GLH...]

- quando R. colocou o cartão com o N.º de C. no balcão, a [elegante] jovem «deu um salto»...; a Oficiante mais velha (GER?; Prop.a?) esclareceu que a Menina pensara que era um «Inspector»... [«em Cuba é assim»?]; [«como é que fugiu de lá?»}; também ajudou R. a entender a rápida história de vida que a Menina desfiou num «rápido espanhol»; «singrando...», já concluiu Direito, na Lusófona, aos 23 anos...; quanto ao Futuro no Paraíso Portugal... [...]

quarta-feira, 17 de julho de 2024

«Dá um trabalhão ser invisível...»; Rosa Oliveira

 Releitura da «Plaquette» de Rosa Oliveira, de Jan. de 2021 [...]

querem falar de sinceridade?
pinto quadros abstractos
os campos são sempre castanhos
e desvio-me da bala que chega todos os dias
dá uma trabalhão ser invisível
mas gosto de estar na estrada onde ninguém passa

alimentada desde cedo por comprimidos e bíblia
queria ser uma aberração de feira
talvez mesmo um torpedo
palavra tão poderosa
e subaproveitada na poesia
(pelo menos na poesia não-futurista)

no palco cega de frio
li de modo imperceptível
sofri as palmas contrafeitas
e lá me safei aos tropeções da inteligência
arquejando alívio

mais um dia de grande produção:
acentuada
               esdrúxula ignomínia anónima

Rosa Oliveira, DESVIO-ME DA BALA QUE CHEGA TODOS OS DIAS, 2021, p.11

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Camões biografado + Lydia Davis («a Arte de Escutar», nos transportes]

 - completada ontem a «Inventariação» do que saiu durante Junho (e foi bastante...); na FNC-CH começou-se a Biografia de I. R. N., sobre Camões (590 pp. fora Notas e Bibliog.a) - 2 primeiros capítulos (Origem «Toponímica-Faunística» do Apelido + dos outros Nomes + Ascendentes + local(is) do Berço e da Infância= 50 pp. [noutros tempos, viria para a Estante...]; [p. 73, a 16-07]; [p. 132, VII Cap., a 21-07];[p. 291, XIX Cap., a 15-08]; [p. 368, XXIV Cap., a 23-08 ]; [p. 412, XXVII Cap., a 08 -09]; ...

-... assim, Orç.o  permitiu apenas a mais recente recolha de (Micro)Contos de Lydia Davis [...]; Artigo + Entrevista, «Ípsilon»; RECORTE:
[...] Uma vez, [no Comboio] ouvi uma conversa maravilhosa que se passou atrás de mim durante cerca de 45 minutos e fiquei muito frustrada por não ter conseguido gravá-la, porque de outra forma é muito difícil de reproduzir. Eram mulher e marido e ela estava a tentar dizer-lhe como escrever um e-mail sobre um determinado problema com óculos inteligentes, uma das lentes tinha-se partido. Ela passou literalmente 45 minutos a rever e a editar a frase, do tipo, “eu não o diria dessa forma”. Era como uma peça de teatro num palco, arte performativa. É o tipo de coisa que acontece na vida real e é tão extraordinária.

[regressado aos transportes, após mais de 30 anos..., R. ouve muito menos conversas do que então - as «vociferações» ao TLL não contam, naturalmente...]

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Infância, por M. E. C. + Rugido, 27.º, último, Dia

 - quase um mês «aguentou» a General, desta vez...; é a altura de R. trocar de novo a Ladeira dos ALT.os pela Ladeira do CH....; 
- gosta tanto da representação literária do Motivo da I., que, em 03 - 05, só «cumpriu» a 1.ª parte dp Plano da T., assim «fugindo» à representação da «Fase/Face» seguinte...; Motivo da Crónica de hoje de M. E. C.;
- a 27, M. optou por ficar em Casa - no dia das «8 PRIM.as», segundo J., para «estar sozinha no Mundo Imaginário dela»... (e tb. livre da «pequena Carr.a...)

RECORTE(s):
[...] Durante a infância, fora as urgências indiscutíveis, deixamos em paz a atenção das crianças. Deixamos que elas imaginem o que querem imaginar. Não destruímos imediatamente o que imaginaram. Deixamos que elas inventem, sem estar sempre a chamá-las para a realidade. [...]

quinta-feira, 27 de junho de 2024

«a Ribeira da Etar» (Rugido, 21.º DIA) + «Ó Mar Alto...»

 - anualmente, antes da «Invasão FESTIV.a», e outras, há uma (ou mais) reportagem(ns) deste tipo ...; quanto a chamar «Ribeira» ao «Canal de Escoamento da Etar»...; diz a GENERAL, do lado: «lembras-te de quando eu proibia o J. (de 84...) de brincar naquela água aparentemente limpa?»; não haver outra Solução, há Décadas, [...]; [«e o resto não se diz»]; [...] e, em Agosto [...]...; 

- de manhã, na PAD.a, a Dona El. informou que, no dia 1, começarão as obras de reabilitação das (muito degradadas) ruas da «parte antiga» da Zmab. (também de décadas atrasadas...)

Crónica, de 17 de Agosto [...]; 

Ó mar alto, ó mar alto, / Ó mar alto sem ter fundo, /mais vale andar no mar alto /que andar nas bocas do mundo.
A minha mãe diz estes versos todos os dias frente ao nosso mar. Chegamos à capela, encostamo-nos ao muro, ali está a beleza visceral daquele "marão" (como ela lhe chama) e a quadra sai, certa como uma boa nortada. O nosso marão é o da Zambujeira do Mar, mas é o mesmo marão de todas as odisseias das nossas vidas, que a minha mãe evoca usando versos que, em diferentes variações, se ouvem até em modas do cante alentejano [...]

segunda-feira, 24 de junho de 2024

«Soneto Absinto»; João de Melo

 - cerca de 60 poemas em 5 «Secções» [...]

SONETO ABSINTO

                                          para Manuel Alegre, meu poeta

Frustrou-se em mim o poeta, a voz que desenha
a grosso o canto e bebe o verso com seu absinto.
Restam-me a areia, o cio, a raiz da criação islenha.
E cantar o fogo em brasa, mesmo se já extinto.

Perde-se em mim o nome como quem desdenha
da música a pintura, o instrumento ou o instinto
rebelde do cantor. Deixei tudo a arder na lenha
e na ira de um deus que me perdeu no labirinto.

Sou dado às prosas, não às musas. São luxúrias
minhas a verve e a escrita de outras geografias,
que não bastam para amansar em mim as fúrias.

A ficção é um jogo, troca verdades por mentiras
e vice-versa; profana cultos, ergue alto o rosto,
é contra o segredo a manha a palha e o mosto.

               João de Melo, Longos Versos Longos, 2024, p. 23 (da 1.Secção, «Canto e Absinto»)

domingo, 23 de junho de 2024

«Isto parece o Facebook» + Rugido, 17.º Dia

 - M. S. T., cerca do minuto 07:05. de «5.a Coluna»... [analogia com as «Escutas que nem a Pide fazia...».: «Isto parece o «Facebook», se quiseres destruir [apagar?] o teu passado, não consegues...»

- por estas Casas, de tão «codificadas», até D. tem que «reinventar» os Passados que aí foram fixados - e, como deve ser o Único que por lá «volta a passar» ;

- atingido o 17.º Dia no Rugido = caminha para a Estadia mais longa dos «últimos tempos»...; e, como as MULT.ões só vêm quando há Brasa...; espera-se pelos «de Évora»... será na terça, 25? [ virá a ser; um «trabalho» muito bem ...»]

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Rugido, sexto dia + «solução para os Turistas» (MEC)

 - amanhã de manhã, R. NÃO «deambulará» pela LX cheiro-sardinhada; primeiro S. ANT. no RUG.o - um Junho, de temp.a «moderada», benção ou excepção?; [..., em Agosto, vir à Zmab, só para «alguma urgência»...]; [relembre-se 2023...]

- quanto a «uma solução para os Turistas», está na CRÓN. de hoje de M. E. C.;

RECORTE(s): [...] esbocei um plano: porque não dividir o ano turístico em duas épocas distintas: a Meia-Estação Encantadora, de 1 de Outubro a 31 de Maio, e a Torreira Tropical, de 1 de Junho a 30 de Setembro?
Os quatro meses insuportáveis, até para nós os portugueses — Junho, Julho, Agosto e Setembro —, seriam só para quem mora cá.
Já os turistas poderiam vir cá quando quisessem nos oito meses que sobram. [...]