domingo, 8 de setembro de 2024

PARA TÃO LONGO AMOR (I. L.) + (FECHO)

   - [ do livro de I. L., já referenciado, dos poemas da 2.ª parte ]

PARA TÃO LONGO AMOR

Esse amor longamente cantado
mas nunca longamente durando
Catarina ou Natércia, Violante ou Francisca ou
Dinamene e Bárbara ou ainda a fermosa
Lianor descalça. Não longo mas intenso e ardente
e destemperado sim na desesperança
do que nasce não sei onde e dói
não sei porquê

Continua a ferir
numa espécie de prazer nostálgico
esse verso magnífico para tão longo amor
tão curta a vida quando hoje só passamos
longas vidas com tão curtos amores.
  
                         Inês Lourenço, Ainda o lugar incerto da procura, 2024, p. 34

[fecha o PERI; reabre o ALPA; Calvino na «passagem»]

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

TESTAMENTO DE DONA ENES (Inês Lourenço)

  - nos poemas da 2.ª parte («Os caules submersos», pp. 27 - 52) do último livro de I. L. são revisitados temas e Motivos de vários poetas e, ou, «tradições» - no caso, o Mito Inesiano; 

TESTAMENTO DE DONA ENES

(...) Pelo caminho estavam muitos homeens com                                                                          çírios nas maãos, de tal guisa hordenados, que                                                                              sempre o seu corpo foi per todo o caminho per                                                                              entre çírios açesos; e assi chegaram ataa o dito                                                                            moesteiro, que eram dalli  dezassete legoas (...)                                                                                                     FERNÃO LOPES

Mais que golpes e vísceras
na sombra pétrea de Santa Clara, mais
que a bastardia dos infantes, no ódio
de sangues e domínios
mais que a vertigem da beleza ou
as léguas de círios a arder
até ao túmulo projectado
para o Juízo Final, deixo-vos
a coroa de palavras amantes
pelos poetas propagada
aos séculos por vir, insígnia
deste entranhado amor, canto 
de eternidade que nos basta.
  
                         Inês Lourenço, Ainda o lugar incerto da procura, 2024, p. 33

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

PALOMAR, Calvino: «Ler»

 - artigo de «passagem» reenviou R. para PALOMAR [PDF, aqui] de Calvino; a «pequenez da fonte» do exemplar (da Teorema) lido na 2.ª metade de 80, na FAC  [estaria já capaz de o Ler?***] implicou a aquisição da edição da D. Q.;  relido, pelas manhãs (em alternância com a ABG de Beauvoir...); 

*** [RECORTE «responde» a isso?]
[...] uma vez incluídos na vida, os acontecimentos dispõem-se segundo uma ordem que não é cronológica mas que corresponde a uma arquitectura interna. Uma pessoa, por exemplo, lê na idade madura um livro importante para ela, que a faz dizer: «Como podia viver sem o ter lido!» e ainda: «Que pena não ter lido quando era jovem!» Pois bem, estas afirmações não fazem muito sentido, sobretudo a segunda, porque, a partir do momento em que ela leu aquele livro, a sua vida torna-se a vida de uma pessoa que leu aquele livro, e pouco importa que o tenha lido cedo ou tarde, porque até a vida que precede a leitura assuma agora uma forma marcada por aquela leitura.

[sublinhados acrescentados; do texto «Como aprender a estar morto», 3.º e último de «As meditações de Palomar» (III sub-parte da III parte, «OS SILÊNCIOS DE PALOMAR »)

Italo Calvino (1923-1985...), Palomar [1983], 2021, D. Quixote, p. 149  

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Pampos OU Lírios, Peixeiras E Fotógrafas

 - cerca das 9 e 30, no «P. Doce» do costume; [a Dona I., peixeira antiga ou «Castiça», de Mercado e de Rua, ora «adaptada», contava que, «passados os 67, «metera já os papéis», mas que «lhe pediam para trabalhar até aos 70...»; e que, recentemente, de «dez entrevistadas, nenhuma ficara...»; para mais, «com estes horários, turnos, trabalho sujo e ao fim-de-semana, e orden.o mínimo...]

- R. escolhera os dois Pampos («agora são Lírios»...), mas teve que se afastar, porque a Dona E. (outra «castiça») tinha que fotografar a Bancada acabada de «guarnecer», para enviar para «os manda-chuva»... [operação a repetir ao final das tardes...] ; nem se diz o que R. comentou «na Hora» nem se tenta interpretar [...]

domingo, 1 de setembro de 2024

Formar leitora (Beauvoir)

  [alcançada a p. 233, na sexta]

RECORTE(s)

     À medida que eu ia crescendo, [o pai] ocupava-se cada vez mais com a minha pessoa. Cuidava especialmente da minha ortografia; quando lhe escrevia, devolvia-me as cartas corrigidas. Em férias . [...]
[sublinhados acrescentados]

Simone de Beauvoir (1908-1986), Memórias de uma menina bem-comportada (1958), 2023, p. 45

sábado, 24 de agosto de 2024

Menina cubana no GLH

 - [perto das 11, no único Estaminé aberto no GLH...]

- quando R. colocou o cartão com o N.º de C. no balcão, a [elegante] jovem «deu um salto»...; a Oficiante mais velha (GER?; Prop.a?) esclareceu que a Menina pensara que era um «Inspector»... [«em Cuba é assim»?]; [«como é que fugiu de lá?»}; também ajudou R. a entender a rápida história de vida que a Menina desfiou num «rápido espanhol»; «singrando...», já concluiu Direito, na Lusófona, aos 23 anos...; quanto ao Futuro no Paraíso Portugal... [...]

quarta-feira, 17 de julho de 2024

«Dá um trabalhão ser invisível...»; Rosa Oliveira

 Releitura da «Plaquette» de Rosa Oliveira, de Jan. de 2021 [...]

querem falar de sinceridade?
pinto quadros abstractos
os campos são sempre castanhos
e desvio-me da bala que chega todos os dias
dá uma trabalhão ser invisível
mas gosto de estar na estrada onde ninguém passa

alimentada desde cedo por comprimidos e bíblia
queria ser uma aberração de feira
talvez mesmo um torpedo
palavra tão poderosa
e subaproveitada na poesia
(pelo menos na poesia não-futurista)

no palco cega de frio
li de modo imperceptível
sofri as palmas contrafeitas
e lá me safei aos tropeções da inteligência
arquejando alívio

mais um dia de grande produção:
acentuada
               esdrúxula ignomínia anónima

Rosa Oliveira, DESVIO-ME DA BALA QUE CHEGA TODOS OS DIAS, 2021, p.11

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Camões biografado + Lydia Davis («a Arte de Escutar», nos transportes]

 - completada ontem a «Inventariação» do que saiu durante Junho (e foi bastante...); na FNC-CH começou-se a Biografia de I. R. N., sobre Camões (590 pp. fora Notas e Bibliog.a) - 2 primeiros capítulos (Origem «Toponímica-Faunística» do Apelido + dos outros Nomes + Ascendentes + local(is) do Berço e da Infância= 50 pp. [noutros tempos, viria para a Estante...]; [p. 73, a 16-07]; [p. 132, VII Cap., a 21-07];[p. 291, XIX Cap., a 15-08]; [p. 368, XXIV Cap., a 23-08 ]; [p. 412, XXVII Cap., a 08 -09; terminado a 10-12]; ...

-... assim, Orç.o  permitiu apenas a mais recente recolha de (Micro)Contos de Lydia Davis [...]; Artigo + Entrevista, «Ípsilon»; RECORTE:
[...] Uma vez, [no Comboio] ouvi uma conversa maravilhosa que se passou atrás de mim durante cerca de 45 minutos e fiquei muito frustrada por não ter conseguido gravá-la, porque de outra forma é muito difícil de reproduzir. Eram mulher e marido e ela estava a tentar dizer-lhe como escrever um e-mail sobre um determinado problema com óculos inteligentes, uma das lentes tinha-se partido. Ela passou literalmente 45 minutos a rever e a editar a frase, do tipo, “eu não o diria dessa forma”. Era como uma peça de teatro num palco, arte performativa. É o tipo de coisa que acontece na vida real e é tão extraordinária.

[regressado aos transportes, após mais de 30 anos..., R. ouve muito menos conversas do que então - as «vociferações» ao TLL não contam, naturalmente...]

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Infância, por M. E. C. + Rugido, 27.º, último, Dia

 - quase um mês «aguentou» a General, desta vez...; é a altura de R. trocar de novo a Ladeira dos ALT.os pela Ladeira do CH....; 
- gosta tanto da representação literária do Motivo da I., que, em 03 - 05, só «cumpriu» a 1.ª parte dp Plano da T., assim «fugindo» à representação da «Fase/Face» seguinte...; Motivo da Crónica de hoje de M. E. C.;
- a 27, M. optou por ficar em Casa - no dia das «8 PRIM.as», segundo J., para «estar sozinha no Mundo Imaginário dela»... (e tb. livre da «pequena Carr.a...)

RECORTE(s):
[...] Durante a infância, fora as urgências indiscutíveis, deixamos em paz a atenção das crianças. Deixamos que elas imaginem o que querem imaginar. Não destruímos imediatamente o que imaginaram. Deixamos que elas inventem, sem estar sempre a chamá-las para a realidade. [...]

quinta-feira, 27 de junho de 2024

«a Ribeira da Etar» (Rugido, 21.º DIA) + «Ó Mar Alto...»

 - anualmente, antes da «Invasão FESTIV.a», e outras, há uma (ou mais) reportagem(ns) deste tipo ...; quanto a chamar «Ribeira» ao «Canal de Escoamento da Etar»...; diz a GENERAL, do lado: «lembras-te de quando eu proibia o J. (de 84...) de brincar naquela água aparentemente limpa?»; não haver outra Solução, há Décadas, [...]; [«e o resto não se diz»]; [...] e, em Agosto [...]...; 

- de manhã, na PAD.a, a Dona El. informou que, no dia 1, começarão as obras de reabilitação das (muito degradadas) ruas da «parte antiga» da Zmab. (também de décadas atrasadas...)

Crónica, de 17 de Agosto [...]; 

Ó mar alto, ó mar alto, / Ó mar alto sem ter fundo, /mais vale andar no mar alto /que andar nas bocas do mundo.
A minha mãe diz estes versos todos os dias frente ao nosso mar. Chegamos à capela, encostamo-nos ao muro, ali está a beleza visceral daquele "marão" (como ela lhe chama) e a quadra sai, certa como uma boa nortada. O nosso marão é o da Zambujeira do Mar, mas é o mesmo marão de todas as odisseias das nossas vidas, que a minha mãe evoca usando versos que, em diferentes variações, se ouvem até em modas do cante alentejano [...]

segunda-feira, 24 de junho de 2024

«Soneto Absinto»; João de Melo

 - cerca de 60 poemas em 5 «Secções» [...]

SONETO ABSINTO

                                          para Manuel Alegre, meu poeta

Frustrou-se em mim o poeta, a voz que desenha
a grosso o canto e bebe o verso com seu absinto.
Restam-me a areia, o cio, a raiz da criação islenha.
E cantar o fogo em brasa, mesmo se já extinto.

Perde-se em mim o nome como quem desdenha
da música a pintura, o instrumento ou o instinto
rebelde do cantor. Deixei tudo a arder na lenha
e na ira de um deus que me perdeu no labirinto.

Sou dado às prosas, não às musas. São luxúrias
minhas a verve e a escrita de outras geografias,
que não bastam para amansar em mim as fúrias.

A ficção é um jogo, troca verdades por mentiras
e vice-versa; profana cultos, ergue alto o rosto,
é contra o segredo a manha a palha e o mosto.

               João de Melo, Longos Versos Longos, 2024, p. 23 (da 1.Secção, «Canto e Absinto»)

domingo, 23 de junho de 2024

«Isto parece o Facebook» + Rugido, 17.º Dia

 - M. S. T., cerca do minuto 07:05. de «5.a Coluna»... [analogia com as «Escutas que nem a Pide fazia...».: «Isto parece o «Facebook», se quiseres destruir [apagar?] o teu passado, não consegues...»

- por estas Casas, de tão «codificadas», até D. tem que «reinventar» os Passados que aí foram fixados - e, como deve ser o Único que por lá «volta a passar» ;

- atingido o 17.º Dia no Rugido = caminha para a Estadia mais longa dos «últimos tempos»...; e, como as MULT.ões só vêm quando há Brasa...; espera-se pelos «de Évora»... será na terça, 25? [ virá a ser; um «trabalho» muito bem ...»]

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Rugido, sexto dia + «solução para os Turistas» (MEC)

 - amanhã de manhã, R. NÃO «deambulará» pela LX cheiro-sardinhada; primeiro S. ANT. no RUG.o - um Junho, de temp.a «moderada», benção ou excepção?; [..., em Agosto, vir à Zmab, só para «alguma urgência»...]; [relembre-se 2023...]

- quanto a «uma solução para os Turistas», está na CRÓN. de hoje de M. E. C.;

RECORTE(s): [...] esbocei um plano: porque não dividir o ano turístico em duas épocas distintas: a Meia-Estação Encantadora, de 1 de Outubro a 31 de Maio, e a Torreira Tropical, de 1 de Junho a 30 de Setembro?
Os quatro meses insuportáveis, até para nós os portugueses — Junho, Julho, Agosto e Setembro —, seriam só para quem mora cá.
Já os turistas poderiam vir cá quando quisessem nos oito meses que sobram. [...]

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Fecho + MALA

 - o ANTIB.o da GEN. adiou a próxima ida (3.ª do ano...) para a Zmab;

- R. não assistiu à APRES., no dia 8, claro; hoje, pelas 11 e 30, no EXT.or, C. F., acintosa, para A. L. (a pres. do C. G., em 2013, relembre-se...), usava a Metáfora da Mala para aludir à «despedida» do Sr. Drt., amanhã, após o «EXPO - discurso»; uma década depois, o que perdeu, o que ganhou?;  R. nem calcula, visto que...[«e o resto não se diz»...)

- fecha o «Peri», reabre o «ALPA»=  ROTINA (agora, simulada...)

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Mapa dos Dias

 - por estes dias, após a leitura de «Os inquietos», e na «sequência» desta:

- Ingmar Bergman: o caminho contra o vento (Rom. Biog.o), Cristina Carvalho, 2019;

- Liv Ullmann: uma estrada menos percorrida (Doc.), Dheeraj Akolkar, 2023;

- Liv e  Ingmar, Dheeraj Akolkar, 2012 («via» A. Eus...)

- A ilha de  Bergman, Mia Hansen - Love, 2021;


quinta-feira, 10 de agosto de 2023

«reticências, o que resta»

 - terminada a leitura de «Os inquietos» (cerca de 340 pp.); vários Recortes por estes dias, por «estas Casas» [...]; tb. leitura de V. ou de F. de A. Eus [...]

RECORTE(s)

     Debateu-se toda a vida com a língua, com a escrita. As folhas de papel amarelas e as canetas. A porta atrás da qual se trancava. As regras estritas que ele queria romper, mas que não tinha coragem de romper, não na escrita, apenas durante a rodagem de filmes, rodeado de actores, fotógrafos, técnicos de som e de outras áreas - pessoas que sabem fazer o seu trabalho. Os colegas. Os companheiros de trabalho (arbetskamraterna). A palavra mais bonita da língua sueca. Mas a escrita ocorre sem essas pessoas. Quando se tranca no escritório para escrever, rodeiam-no apenas fantasmas. Os vivos e o mortos. {...] O silêncio no quarto da escrita não é propriamente amistoso. As palavras não saem ou saem na sequência errada. As frases enrolam-se em si mesmas e não têm princípio nem fim. Os limites da minha língua são os limites do meu mundo, escreveu Wittgenstein, mas o que vai acontecer agora, pergunta o velhote [...] o que vai acontecer agora que estou a perder a linguagem? Em breve só me restarão as reticências.

                                                 Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, pp. 314 - 315

[sublinhados e itálicos acrescentados...]


terça-feira, 8 de agosto de 2023

Zmab cercada

- bem andou R., ao «evitar» a Zmab em Agosto [e, sem Quad.os...]; cercada, internamente, pelos «festivaleiros» e, externamente, pelo fogo, fumo, cinzas...; - [talvez em 80? 81? 82? 83?...], do Monte da Marechal viu-se (a serra de) Monch. a arder, durante dias...]

Foto do autor da Crónica

- de lá chega a Crónica de jornalista, de hoje, do «Público» - de um lado, ardem milhares de Hect.es, do outro. milhares «acotovelam-se» em «meia dúzia» de Hect,es... - o mesmo «Filme», desde 98...; 

Recorte(s): [...] Os mesmos sentimentos, com o toque do “caos” do apagão, são sentidos na esplanada ícone do largo, o Café Rita, onde Nuno Rita sublinha a “sensação de segurança” sentida na Zambujeira, ao contrário de muitas aldeias vizinhas, com a geografia costeira, áreas vazias e quase deserto, pouca arborização (e muitas estufas). Na loja de souvenirs do largo, onde se sente o cheiro a fumo no espaço fechado, Irina comenta que muitos turistas ficavam mais apreensivos com a “falta de Multibanco ou tabaco” neste “dia de loucos”, como refere Pedro Léria, do restaurante Brisa Mar segundos depois de a electricidade voltar e tudo parecer quase normal. [...] 

sexta-feira, 28 de julho de 2023

O regresso de R. + «Os inquietos»

 - após 20 dias de «PasmoZmab» (Praias, ainda, por «sobrelotar»...), retomada a Rotina Lx-AGOSTO; - pelas ruas, filas de «Formiguinhas» com mochilas da mesma cor... (JMJ) prenunciam a «Invasão» da próxima semana?

- após largo «jejum aquisitivo», considerou que era dia de se «premiar» e, na BERT-ROMA: Linn Ullman, Os inquietos, por «óbvios Motivos»

- antes do STP, visitou I. R., ainda «escravizada» pela «Empreitada SEC-X» (uff, já  lá vai, para R....)

quarta-feira, 26 de julho de 2023

19.º, ZMAB + O rapaz que lia bem» + «que caminho tão longo»

 - e ao 19.º Dia ( e penúltimo, da 2.ª Estadia) na Zmab (olha se, e quando, todos «airbnlugarem» no ZT. e, ou, na ZMAB..), na ESP. do R., como (quase) sempre, começou-se             Misericórdia, de L. J.

RECORTE(S)

     O rapaz [da Associação da Boa Vontade) lia bem, muito bem mesmo. Apesar de o conto só falar de misérias, perseguições, deportações, e tristezas, tal como eu tinha imaginado, a voz do rapaz conseguia ser mais bela do que as desgraças que lia. As sobrancelhas demasiado espessas, na tez muito escura, com os dentes demasiado brancos e poderosos, começaram a modificar-se diante dos meus olhos à medida que o rapaz lia frases surpreendentes, que eu não conseguia reter mas iluminavam a correnteza daquela fala. [...]

Lídia Jorge, Misericórdia, 2022, p. 39

- uma das mais ouvidas, de há semanas para cá ( «a garota não» e J. M. B.):

"que caminho tão longo / que viagem tão comprida / que deserto tão grande / sem fronteira nem medida"

terça-feira, 18 de julho de 2023

Zmab, dia 11 + («O nepalês da...») + os Gémeos

 - após o intenso f-d-s, com J. e «descendentes» e a Visita da Mana e do Primo, de manhã, no R., foi lida a segunda crónica* de MEC depois de férias, na qual regressa ao Motivo Z., que vem dos «seus anos 80», com P. R. D. e outros, relembre-se...; 
- bem tentou R. «entabular» conversa com a jovem «NEP.a das Mesas»... 

RECORTE* Inicial

     É um foguete, o nepalês, a correr e a sorrir de mesa em mesa, e das mesas para o balcão, e do balcão para a cozinha. Quando pára, aproveita para lavar ou arrumar.
     Só conhece quatro palavras portuguesas mas emprega-as com rigor. De resto, faz-se valer da inteligência e da atenção, interpretando os nossos pedidos com a empatia de um antropólogo.
     O nepalês faz-nos ver que a eficiência e a simpatia não são adversárias que se revezam: são primas direitas que trabalham melhor quando estão juntas. A simpatia de um bom empregado de mesa é uma eficiência – e a eficiência é ela própria uma simpatia para com o cliente.
       Mas há sempre aquele tuga, com aquela mistela aziaga de pena, condescendência e caridade, [...]

- com a «intermediação» da Comadre I., F., R. «reencontrou» os Gémeos J. + H, cerca de 55, 60 anos depois, a uma janela da casa de barras amarelas, por trás da «Ti Vit.» e «recuperou» o Nome do Pátio da Bica, onde cresceram: «do Brôas»; (AQUI; tb.); entretanto chegada, a Mana A. confirmou que as bodas de M. A. e um dos Gémeos (H.) terá sido em 65 ou 66... - antes do AVC do Pai Velho, a 12-11-66, claro

domingo, 9 de julho de 2023

Rugido + «O infinito num junco»

  - 2.º dia da 2.ª Estadia na Zmab - [2 cães, dos que ladram... no «airbnb» de baixo... + 2 máq.as e 1 estore para reparar...]; 
- iniciada, de manhã, no «Rita», a leitura da obra de Irene Vallejo, O infinito num junco (cerca de 406 pp., + notas e Bibliog.a) - da p. 23.ª à 46.ª, dedicada a Alexandre («biografado» por C. Veloso, AQUI]

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Bertrand (Livreiros da)

 - ontem de manhã, na BERT-CH, na poltrona baixa da sala da Entrada, alcançou-se a p. 95 do livro de Ruy Guerra; a FUNC., «uma rara VET.», falou a R. de outros «abusadores» (leitores da Borla...), como aquele que dobrava as páginas em que ficava ou os causídicos da Boa-Hora que, à hora do almoço, vinham consultar os Calhamaços jurídicos [...]

quarta-feira, 28 de junho de 2023

GUERRA, Céline

 - no momento, é uma das leituras «intercaladas» com «Contos plausíveis», de Drummond e «A estranha vida dos ausentes», de Viale Moutinho (2 obras de MicroNarrativas...); na NUTRIT.a, na Costa, Entregues as Encomendinhas na Marisol, enquanto se espera por melhor hora para aceder à «25», alcança-se a p. 55

RECORTE (podia ser qualquer outro excerto...):

   No dia seguinte, o Dr. Méconille, assim que me vê, entra numa excitação de todo o tamanho a observar-me. Queria operar-me já a correr nessa mesma tarde, dizia ele. A L'Espinasse mostrou-se contra, em nome da minha exaustão. Creio que foi o que me salvou. Se o estava a perceber, ele queria tirar-me de imediato a bala enterrada no fundo do meu ouvido. Ela é que resistia. Eu, só de olhar para o Méconille, tinha a certeza absoluta de que se ele me invadisse a cabeça era mesmo o fim para mim. [...]

Louis-Ferdinand Céline, Guerra, Livros do Brasil, 2023, pp. 40-41

[artigo, a 22 de Julho, no «Sol»]

terça-feira, 27 de junho de 2023

L. L. , 94, «Ex-AA»

  - em 92-93, no ano PROB.º, D. teve a sorte de «ir parar» à E. do Paraíso; a BIBL.a era então L. L., numa sala, «não diferenciada», do 2.º ou 3.º piso...; R. lembra-se sobretudo dos recortes de jornais, com artigos críticos seleccionados, afixados em vitrines; estaria já à beira da APOS (em 94?)....; há alguns anos (2015) foi lá lançar uma AUTOBIOG ...

- ... que R. leu, por empréstimo do C. de R....; agora, aos 94 anos, é Figura em «Mensagem», jornal de Lisboa

domingo, 11 de junho de 2023

(Zmab, dia 9)

- saídos os «AirBnb» do piso de baixo, voltou o sossego ao Bloco A do «ZT»; 


«Público» 29-06

- no R., uma senhora perguntava a um senhor se «sabia de casa para alugar ao ano...» [Rita = TM = 4 e 20...]...; [«e o resto não se diz»...]

- foi o 1.º 10 - 06 na Zmab [...]

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Fecho

- com os «cálculos furados», houve que entregar o «papelinho» da APRES.

- mais um Verão com «muito Filme e pouca Leitura»...; começa a ser uma espécie de Padrão...; assim, fecha o «PERI» 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Mapa do Dia

- [Agosto fora da Zmab, só na década de 80...]; [assim o determinou a General...]; 
- D., regressado aos TRANSP.es, após «x+y» anos de [...], retira a Venda da Vista,  isto é, a Cegueira vai sendo «varrida», pois o Olhar pode «circunvagar», livre do medo do «estampar»...

- mochilas, malas, malinhas, rodinhas, famílias e «familinhas» freneticamente giram pelo Parque. das, oportunamente chamadas, «Nações» [...]
- no V. da G., na V.a Alegre, resolveu o «dilema» T. P., com Peça «Lispectoriana» (inspirada na P. seg.o GH); e com livro, em cuidada edição;

- (para a FUNC.a): «certamente que já o leu!»; [o trejeito, ou «contreito», precedeu ou antecipou a resposta...]; «não me diga que não conseguiu passar da página 25...»; «era muito confuso, para mim...»; «recomece, com os contos ou com as Crónicas, alguns são muito curtos...» [Tiques, ainda, de Mestre?]

domingo, 7 de agosto de 2022

«Siríaco e Mister Charles»

 - 1.º percurso matinal, com o «Passe Sénior»: da Graça ao Campo das Cebolas, num «Mini-Autoc.»; daí, obliquando por entre (muitos) grupos de TURIS, à FNC (Aleluia, sala de Leitura, com janela, ao fundo...); depois, regresso, começando o livro de Joaquim Arena, na sequência do artigo-Entrev.a de J. R. Direit.o, no Ípsilon de ontem[...]

RECORTE(s):

La Mascarade Nuptiale
(1788), José Conrado Roza

     De repente, os ingleses ficaram estupefactos quando Siríaco entrou no salão. [...] William G. Merril reparou [...] e mandou Siríaco despir a camisa, sorrindo. «já os tinha visto de mãos brancas e também no cabelo, mas nunca numa tão grande extensão pelo corpo», comentou o capitão Fitzroy.   
   Siríaco tinha-se habituado àquele olhar de curiosidade e repulsa. Era a esperada reacção de todos à enigmática [...] talvez maléfica cor de pele, como comentavam alguns, à boca cheia, pelos salões de Lisboa. No final, diziam, só lhe faltava  a cauda para pertencer ao universo fantástico do reino animal. [...]

Joaquim Arena, Siríaco e Mister Charles, Quetzal, 2022, p. 36

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

«Os números mortos», Mia Couto

 - às 8 e 10, no Arco do Cego, fazia mesmo frio, um inusitado frio em Agosto...;  - obteve a Senha n.º 44 [...]; enquanto esperava, agora também um Sénior (termo eufemístico e do Desporto, também...), D.  foi ouvindo os outros Seniores, observou a Banca Alfarrab.a do Sr. Nasc.o,,  com quem «meteu conversa», e foi lendo a ficção de hoje de Mia Couto - por acaso, narrada por... Sénior [...];

RECORTE INICIAL:

Já não me lembrava que tinha em casa um telefone fixo quando fui surpreendido pelo som de uma campainha. Removi papéis, livros e embrulhos no tampo da secretária até encontrar o enrouquecido aparelho. – Senhor Adérito, sou sua vizinha – anunciou uma voz doce. E depois de uma pausa, a dona da voz revelou o propósito daquela chamada. – Déritinho, você pode subir? Demorei a sintonizar: Déritinho? Há anos que ninguém me chamava assim. Sou Adérito, para os devidos efeitos. O diminutivo serviu para uso reservado de amigos de infância. Desses amigos já ninguém estaria vivo.

–  Subir? – perguntei, a medo. [...]

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Mónica, Sophia, Luísa...

 - depois de «Sebastianismos», Retratos do Feminino - em Sophia e Cesário [...]; R. já não contava com tais Envelopes, mas, depois de I. R. «ter rapado o fundo dos Tachos», lá teve que «ser requisitado» [...] - será mesmo a última Tarefa?

- quanto a Mónica (Retrato de), a interpretação de Luísa Cruz, na «RTP Palco», a 31 de Dez. de 2021 [...]

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Zmab, Julho, dia 5: Ocampo, Silvina

 - pelas nove, como sempre no RIT, retomada a leitura de contos de «As convidadas», de Silvina Ocampo - 44, maioritariamente curtos, [...], não seguindo a ordem da colocação no livro [...]

Recorte inicial de «A escadaria»:

    «- Isaura, Isaura.
    As vozes ressoam nos corredores da casa, pedem-lhe que se apresse, Isaura sobe a escadaria. Passou cinquenta anos da sua vida a limpar aqueles degraus, dedicou outros dez anos a ocupações frívolas, de crescimento, outros dez a ter filhos, mas limpou sempre aquela escadaria ou fez companhia às pessoas que as limpavam.
     Agora que o elevador não funciona, [...]

Silvina Ocampo, As convidadas, Antígona, 2022, p. 45
[outros exc.os no JOC]    


- artigo de Isabel Lucas, no «Ípsilon», a 29 de Julho


terça-feira, 19 de julho de 2022

Zmab, Julho, Dia 2

- a Zmab, em Julho, continua «um Anti-Agosto...» (...); irá a General «saltar o SUD.te»?) ;

- ontem, a Mana A. perguntou o que iria D. fazer depois da [...]; respondeu «que o mesmo; e, por Economia, transformando FNC.s e equiv.es em Bibliot.as...»; não tem Emenda...

- [das 11 às 13, última REUN., «capitaneada» pela C. F....]

- hoje, no RT, pelas 9, antes das Fam.as, começou-se Doramar ou a Odisseia, de Itamar Vieira Jr

sábado, 16 de julho de 2022

Giestas X

 - terminaram a «Cerimónia Mesteiral»; R., o D. de T., disse-lhes «que, se estivesse uma daquelas semanas de insano calor, não assistiria...» - calhou na semana dos «máximas TEMP.as»....; 

- na sexta, R. B., Grande Mestre de MAT. - que «já foi tudo» no Palácio - também «a dar as Últimas», enviou a todos sensível-elogioso-bem escrito texto  [...];

- L. G., que a «entrevistou», e bem «perseguiu» Reticências»..., gosta de usar a Câmara, para mostrar os Meninos(as) [...]: AQUI; 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

MAPA do DIA + «pôr os pontos nos tintins» [«muito bons na Vida»]

- ontem, Missão no COL. do Vale; na 25, com as «Massas a Zunir»**, pelas 15 e 15, um só «avariado» tudo «entupia»[...]; com a General «toda amassada» pela «TSUN. J», regresso pelas 21, só após as ** - Jone, que optara pela «V. da Gama», ainda não regressara...

- hoje, visita ao Palácio [...]; pelas 10 e 30, na SECRET., Qd.a do Bloco A, «tendo chegado atrasada 3 minutos ao 607» («Veja lá...), tentava «engrominar o SIST.», para ir à 2.ª, com «qualquer coisa»  que não era o exigido... (ATEST.); cá fora, declarou, «impante», que nem fora consultar a INFO, no Sítio...»; «Santíssima»...; lá fomos, como sempre, «brincando», até ao «STP»...;

- quanto ao Palácio ser notícia por tais Motivos, também será irónico, visto que... [«e o resto não se diz»...]; quem aproveita sempre para «pôr os pontos nos tintins»** é o sr. DRT.or [...]; [«muito bons na Vida»];

** [...] "O médico destrocou-se em tintins." [...]; Mia Couto, «O menino que escrevia versos, O fio das missangas (2004)

quinta-feira, 30 de junho de 2022

«Em Alcochete? Jamais»

 - o «Anedotário» acumulado «há Décadas» é uma Ofensa a tão sérios assuntos - sobretudo ao da Visão Ambiental que (ainda não) conduz o(s)Futuro(s) [...]; mas «há sempre um Cúmulo desconhecido que espera por si (nós)...»; 

Cristina Sampaio, «Público»,
«P2», 03-07-2022

- desta vez, em «24 Horas da Vida de [...]», um Menino-Ministro fez uma Asneira, mas rapidamente foi perdoado pelo Papá; como diz o Povo, «Amigos, Amigos, Negócios à Parte»...; J. M. T. usará a («dúctil»?) expressão «contrição maoísta»...[...]

terça-feira, 28 de junho de 2022

Apocalypse, sempre + Envelopes (últimos?)

 -«percursos» [...] - mesmo cuidadosamente «expurgados» de «ambiguidades...» - pelo Mito Sebastiânico, por três obras, autores, tempos, perspectivas...,  originaram inevitáveis «despistes» ou «auto-atropelamentos»...: assim, «penosamente» se conclui a última, talvez, Empreitada de Envelopes...; 

- uma das Plat.as que servem o Vício Cinéfilo de Décadas do Menino propuseram hoje o DOC., de 91, de Eleanor Copolla, sobre a «desastrosa Produção» (os «bastidores» e não só...) de «Apocalypse Now»; - maravilhosa «revisitação», com «repetições»...

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Zmab, 21-22 + Sebastianismo(s)

 - com a General «em negação» da Zmab e do «ZT», próximas idas são uma incógnita...;

- no sábado, de lá regressou J. e as 3 «ladies», após uma maravilhosa estadia [...]; contou que J. M. o informou «que todos os Novos PROP.os foram totalmente financiados pela C.C.A.M. de S. TEOT» (pois, por isso foi tão rápido e...) [...]; 

- hoje, no P. A. V., levantamento de 35 Envelopes de um «639» todo centrado no Sebastianismo; «a Coisa promete»...; também em HCA, «724», colocando «lado a lado» Simões Júnior (1877) e João Cutileiro (1973) [...]

- «Ai, Portugal, Portugal...» ; (Jorge Palma); [Outra versão]

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Terra, Instalação, não

 - ontem, pelas 15, a caminho do Qd.o 312, para o Plenário «SECX», todos olhavam os efeitos do monte de Terra que, entortando de passagem um gradeamento, tombara do caminho para um Pátio....; «é uma instalação», humoravam alguns;

- Mestre Orz. St. lá explicou «que a Equipa dos Espaços vVeerdes solicitara 6 m3 de terra sem pedra à Câmara Municipal, para os 2 Canteiros desse Pátio»; veio Terra, sim, mas 12m3 e com pedra, cujo «despejo» originou o efeito acima referido...; «inevitável» ou Caricato?  

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

MAPA DO DIA + FECHO + «o Arrependido»

- [em «jeito de Balanço», foi um Verão com muito pouca Leitura, com «pouco de tudo»...] 

- reabre o ESTAM. dos Manos DELF. + AGOS.(sem o qual, o Bairro...) - [leituras, aí, do último livro de Quintais, Luís]; - reabre a CANT. STP (dos Manos D. + N., esta de «ESPERANÇAS», primeiras, aos 42,3...); [...]; 

- pelas 10 e 30, C. SAPP. informa de D.ão de T. («mau, Maria»...)... ; assim, amanhã começa o Ciclo inicial da «REUNITE AGUDA», no Paraíso 2122 (será mesmo o último ano, desta vez?);      [«o Arrependido», assim o «crismou» o sr. DRT.or...]
- vai fechar o «PERI», reabrir o «ALPA» [...]

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Miguéis no «639»... e no «138»...: «enviesada justiça»?

 - manhã no QD.o 302, , COADJ.e do «639», 2.ª Volta...

- Camões (no «ALPA»...), Miguéis, Tolentino Mend.a e a «Engomadeira», de Almada, no «639» é... «inesperado conjunto»... [«e o resto não se diz»]; - «resistirão» (eles, os textos, claro) ao Uso que deles faz o «639»?

- RECORTES do Conto de Miguéis:

Quando cheguei à rua do Fonseca, notei logo que as janelas do quarto andar estavam todas fechadas – hum! A porta da rua trancada. Mau sinal. [...] À beira do passeio o Chevrolet do Fonseca, consideravelmente empoeirado, esperava. Mas que silêncio nesta rua nova! A calçadinha do passeio estalava-me debaixo das solas dos sapatos. Não havia remédio senão tocar a campainha. Mas tocariam as campainhas? Outro dia não funcionavam. Há sempre alguma complicação nestes prédios novos: ou falta a água porque a Câmara ainda não abriu as canalizações, ou é o trinco que não funciona, ou não há corrente, ou cortaram o gás. 
Enquanto esperava que de cima abrissem a porta (devia estar tudo a postos, era para largarmos às sete, imagine-se!) fui examinar o carro: já teria o pneu cheio? Isso sim: o Chevrolet descaía tristemente sobre um pneu vazio, à retaguarda, como um cavalo sobre uma pata cansada. O Fonseca (tornei a olhar para as janelas: fechadas) ainda não tinha saído da toca. A coisa estava bonita. Se ele já teria metido gasolina? Fui buscar um pauzinho à obra ao lado, desatarraxei o tampão do tanque, e meti o pauzinho para medir o nível: saiu seco. E o radiador, provavelmente, como sempre, não tem pinga de água. Mudar o pneu, meter gasolina, água… Temos para meia hora ou mais. E aqui perto não há uma garagem. Lá de cima continuavam a não abrir a porta. Ó senhor, passa das oito, e esta gente… Fui-me à campainha e carreguei-lhe furiosamente: nada. [...]

José Rodrigues Miguéis, «Uma Viagem na Nossa Terra», in Léah e Outras Histórias

- e a 3, no «138», um excerto de «O anel de contrabando», de Gente da Terceira Classe...; = «enviesada justiça?» (de quem fez a Coisa?...) para com uma Obra pouco ou Nada disponível...