sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Rugido + «Karamazov aos 12...» (L. Costa Gomes)

 - com o «clã J.» de regresso às respectivas Rotinas «prrodutivas» (após Zmab + Lagos + AMST...), passada a «Onda de Agosto» e com temperaturas abaixo dos 30, foi possível voltar à Zmab, ontem, para a 4.ª Estadia de 25; de manhã, no RTA, foi retomada a leitura deste «Inventário-Mostruário das [primeiras] leituras dos que escrevem...»

RECORTE(s)
[...] é impossível reviver o  efeito catastrófico que teve sobre mim aos doze anos a leitura d´Os irmãos Karamazov. Tudo aquilo tinha ar de dever ser proibido. Por isso, a pessoa esconde-se em buracos para estar sossegada a ler, deixa de falar com os vivos, apaixona-se pela Aliosha Karamazov, lê vinte vezes a mesma cena, salta as partes em que o Ivan tem aqueles diálogos abstrusos com a sua consciência. Dia e noite, lê. Quem seria eu a ler Os irmãos Karamazov pela primeira vez? Não faço ideia, mas aprendia o que pode ser um livro. E porquê aquele? Talvez a excitação da perversidade do pai, a luta fratricida, a tentação da mulher, a ganância, a vileza, a malevolência aberta de toda a quela gente... Muita da leitura é desleitura e tresleitura, e o livro que convém é o que fermenta e continua a produzir e a criar depois de fechado. Dez anos depois vem a releitura, e dez anos depois desses. Quase não se encontra o livro que se leu: [...]

                   Luísa Costa Gomes, «Caprichosa!», in VV., O que lêem o escritores, pp. 107-8